A recente Cúpula da iupana foi muito mais do que um evento: foi um termômetro para medir o estado do setor bancário e os desafios que enfrenta em IA e IA Generativa (GenAI). O melhor foi ouvir vozes diferentes: executivos de grandes bancos, fintechs, startups e especialistas que não só falaram sobre o futuro, mas sobre o que já estão aplicando em seu dia a dia. Um ponto ficou muito claro: não falamos mais apenas da necessidade de adotar IA, mas de fazê-lo com segurança e transparência. O setor busca resultados que transformem a experiência do cliente e das equipes internas. É aí que entra o modelo Software as a Service (SaaS), que está fazendo a diferença na América Latina.

Diego Romero Tuccio
Business Developer Manager en Coinscrap Finance
Governança e segurança: o tema central para todos os bancos
Um dos debates mais intensos foi sobre segurança e governança de dados. A conversa já não se limita a proteger usuários e sistemas, agora inclui validar os próprios agentes de IA. O objetivo é que esses modelos não só trabalhem bem, mas o façam respeitando as regulações, com rastreabilidade, uso ético e evitando erros como as famosas “alucinações” dos LLMs.
As soluções SaaS têm uma vantagem clara nesse ponto: já vêm com auditoria, criptografia e controle de versões integrados. Isso permite aos bancos mostrar aos reguladores que estão usando IA de maneira segura e responsável.
Da automação simples ao impacto real para as instituições financeiras
Outro consenso foi que a maioria das instituições já usa IA… mas apenas para tarefas rotineiras: classificar documentos, validar dados, detectar fraude básica. O grande desafio é avançar e usar essas tecnologias para questões estratégicas, como gerar novos negócios.
Falamos de assistentes que entendem os clientes e recomendam soluções financeiras em tempo real, de modelos que antecipam necessidades antes mesmo de o usuário expressá-las, ou de processos internos tão simplificados que liberam horas valiosas das equipes.
Com SaaS, uma entidade pode passar de um projeto piloto isolado para uma implementação em larga escala em questão de semanas, sem brigar com a infraestrutura legada. É como passar de pedalar uma bicicleta para dirigir um carro elétrico: a velocidade e a eficiência são completamente transformadas.
Casos inspiradores: bots com NPS perfeito
Um dos exemplos que mais chamou a atenção foi o dos assistentes conversacionais que interpretam o sentimento do cliente em tempo real (nas redes sociais, por exemplo). Não se trata de bots frios, mas de assistentes capazes de entender tom e contexto, alcançando um NPS de 100%.
Esse dado lembra que a tecnologia, bem aplicada, gera proximidade e confiança. E é aqui que o Software as a Service volta a ser um diferencial: permite integrar esses motores em plataformas de atendimento já existentes, sem precisar redesenhar todo o ecossistema tecnológico.
💡 Diego disse:
“Foi uma excelente oportunidade de conectar com colegas e entender as perspectivas, desafios e pontos de dor enfrentados pelo setor bancário no caminho para a adoção de tecnologias exponenciais.”
O desafio da infraestrutura legada na indústria financeira
Todos os bancos concordaram em algo: os sistemas legados são uma dor de cabeça. Eles têm toneladas de dados valiosos, mas brutos, sem processamento. E essa montanha de informação desorganizada serve para pouca coisa.
A IA pode categorizar, enriquecer e transformar esses dados em insights prontos para uso. E se isso for feito com uma solução SaaS, o ganho é ainda maior, pois já traz pipelines de dados pré-configurados que limpam e organizam a informação. O resultado: menos fricção, menos custos e mais valor.

Hiperpersonalização na banca: o grande sonho (e os desafios)
Também se falou muito sobre hiperpersonalização:desenhar experiências únicas para cada cliente. Parece incrível, mas não é simples. Para isso, são necessários dados extremamente detalhados, e aí entram as ferramentas de última geração.
As soluções em nuvem facilitam esse equilíbrio. Já vêm com criptografia e rastreabilidade inclusas. Assim, os bancos podem oferecer experiências personalizadas sem perder de vista a segurança ou a confiança do cliente.
SaaS como motor de inovação para um setor saturado
Além da parte técnica, a Cúpula recordou algo essencial: a banca não só usa tecnologia, ela adapta e transforma em produtos que mudam a vida de milhões de pessoas.
Nesse sentido, o software online permite que os sistemas mantenham desempenho ótimo em momentos de alta demanda. E o mais interessante é que democratiza a inovação, pois não exige contratar uma equipe interna de desenvolvedores para implementar propostas disruptivas.
Um roteiro prático para líderes de inovação
Se você está liderando o departamento de inovação de um banco, neobanco ou fintech, pode se interessar por algumas das recomendações deixadas nos debates:
- Faça a migração para a nuvem com estratégia: desenhe ambientes que suportem todo o ciclo de vida da IA (treinamento, implantação e monitoramento).
- Integre a governança desde o início: evite que o cumprimento regulatório seja um obstáculo no futuro.
- Comece com quick wins: casos de uso simples mas de alto impacto, como scoring para PMEs, assistentes para colaboradores ou agentes virtuais internos.
- Meça o que importa: além das métricas técnicas, meça redução de custos, melhorias no NPS e velocidade de lançamento.
- Escolha bem seus parceiros: aliados SaaS especializados em bancos reduzem riscos e aceleram resultados.
Conclusões do setor bancário: ambição com disciplina
A Cúpula da iupana foi um espaço para confirmar que IA generativa e SaaS já não são tendências, mas realidades estratégicas para os bancos na América Latina..
Os desafios são claros: sistemas legados, regulamentação rigorosa, montanhas de dados sem estrutura. Mas também o são as oportunidades: experiências mais humanas, processos mais ágeis e modelos de negócio mais escaláveis.
A segredo está em equilibrar ambição e disciplina. Ambição para imaginar novas formas de servir o cliente e disciplina para implementar com segurança e conformidade. Quem conseguir essa mistura estará melhor posicionado para liderar a transformação financeira que já está em andamento na região.
Sobre o autor

Diego Romero Tuccio é Head of Business Development Latam na Coinscrap Finance, onde lidera a expansão comercial da fintechAntes de ingressar na fintech, foi Vice-diretor Comercial no Hey Banco, onde criou estratégias inovadoras para meios de pagamento no segmento PME. Na INVEX, ocupou o cargo de Vice-diretor Comercial de Banca Empresarial.
Sua trajetória inclui também cargos-chave na Monex, na CNBV e no Grupo Financeiro Banorte. Economista e financista de formação, Diego se destaca por sua visão estratégica, capacidade de gerar alianças sólidas e paixão por impulsionar a inovação tecnológica.


