Crédito, consolidação de dívidas e tecnologia, com Diego Azorin do Lea Bank

O Lea Bank chegou a Espanha em 2022 com uma proposta digital que não deixa ninguém indiferente. Conversámos com Diego Azorin, o country manager da entidade, para descobrir como a experiência nórdica, a automatização e a proximidade podem revolucionar o crédito ao consumo.

Sumário

Desde os seus primeiros passos na América Latina até liderar a expansão de um banco 100% digital, Diego partilha ideias-chave sobre personalização, agilidade e literacia financeira. Se procuras entender por que razão a consolidação de dívidas e a tecnologia estão a mudar a relação entre bancos e utilizadores, esta entrevista dá-te todas as respostas!

 

“Acredito que vamos acabar por consolidar uma alternativa digital
muito forte no mercado espanhol.”

Diego Azorin,
Head of Spain no Lea Bank.

O percurso profissional de Diego: da América Latina à digitalização bancária

Após uma receção calorosa, Juanjo Gómez, CMO da Coinscrap Finance, convida Diego a partilhar o seu percurso com a audiência. O nosso convidado comenta que a sua experiência profissional esteve sempre ligada ao crédito ao consumo e à banca digital. Diego recorda os seus inícios na banca tradicional latino-americana, onde conciliava os estudos com o trabalho.

Mais tarde, regressa a Espanha e mergulha no setor do crédito ao consumo, passando por entidades como Cetelem, Cofidis, Bigbank ou Ferratum Bank. “Já ando há bastante tempo pelos palcos do crédito ao consumo e da banca digital em Espanha,” afirma.

O que é o Lea Bank e qual é a sua proposta em Espanha

Quando Juanjo pergunta pela essência da entidade, Diego explica com clareza: “O Lea Bank é um banco 100% digital que nasce em 2015 da fusão de duas fintechs que absorveram a licença bancária de um banco pré-existente na Noruega. Com o tempo, o banco começou a expandir-se para outros países escandinavos e, em 2022, chegámos aqui, a Espanha.”

O modelo de negócio do Lea Bank combina o melhor de dois mundos: a estrutura bancária tradicional de depósitos e empréstimos, com uma operação altamente digitalizada e automatizada. Em Espanha, a entidade oferece principalmente créditos pessoais e créditos para consolidação de dívidas, além de depósitos –através de uma parceria com a Raisin.

Estratégia de produto: por que razão créditos pessoais e consolidação de dívidas

O nosso Head of Marketing aprofunda então a estratégia de produto. Diego destaca que, apesar da elevada concorrência no setor, o mercado espanhol continua a oferecer grandes oportunidades: “Grande parte da atividade bancária ainda acontece em agências. Avançámos muito na digitalização, mas ainda há muito caminho a percorrer, e é aí que nos inserimos,” explica.

O primeiro produto lançado foi o crédito pessoal, por ser o mais versátil e adaptável às diversas necessidades dos clientes: “Desde a compra de um carro, um casamento, uma viagem... É um produto muito abrangente que acompanha o cliente em várias fases.” Mais tarde, identificaram uma procura crescente –e pouca oferta– no que diz respeito à consolidação de dívidas.

“Este produto permite uma poupança na prestação de cerca de 40%, em comparação com o que o cliente paga normalmente. As pessoas tendem a agrupar dois ou três créditos: um cartão e dois empréstimos, ou um carro e um crédito pessoal. A poupança média que geramos para o cliente ronda os 40%.”

Tecnologia e automatização: o motor da experiência Lea Bank

A tecnologia é o pilar sobre o qual assenta a proposta do Lea Bank. A utilização de open banking e biometria permitiu à entidade transformar processos tradicionalmente lentos e manuais em experiências ágeis e seguras. “O open banking é um pilar fundamental para nós.”

Graças a esta tecnologia, o Lea Bank consegue visualizar e analisar a informação do cliente em tempo real e tomar decisões imediatas sobre a concessão de crédito. “Acompanhamos isso com biometria para evitar a fraude de identidade, que antigamente era um problema relevante.”

A automatização permitiu ao Lea Bank gerir um volume muito elevado de pedidos: “No último ano, processámos praticamente 786.000 pedidos de forma automática. A nossa maior vantagem é ter um processo altamente automatizado.”

Consolidação de dívidas e saúde financeira

O serviço de consolidação de dívidas é um dos grandes diferenciais do Lea Bank. O seu funcionamento é simples: o cliente liga a sua conta bancária, fornece informações sobre as suas dívidas, e o Lea Bank encarrega-se de gerir os cancelamentos e oferecer uma solução competitiva. O objetivo é libertar parte do rendimento mensal do cliente, permitindo-lhe destinar uma menor percentagem do salário ao pagamento de dívidas e mais aos seus projetos pessoais ou à qualidade de vida.

Diego explicava: “Vimos de um período de taxas de juro elevadas e agora que baixaram há uma grande oportunidade de fomentar uma economia mais saudável. Assim, em vez de destinar 60% ou 70% do salário ao pagamento de dívidas, o cliente tem mais disponibilidade para outros projetos e para aproveitar a vida.”

Sobre literacia financeira, Diego destaca: “Muitos clientes não conhecem este tipo de soluções. Temos visto um aumento considerável da procura – praticamente 30% dos pedidos que recebemos são para consolidação de dívida.” O nosso convidado garante que ter a formação financeira adequada permite uma vida mais tranquila e uma saúde financeira equilibrada.

O mercado espanhol: desafios e oportunidades

Ao comparar o mercado espanhol com outros países europeus, Diego identifica diferenças estruturais mais do que comportamentais do cliente. “De um modo geral, o cliente tende a ser semelhante. A principal diferença está no contexto dos modelos de decisão e da informação disponíveis no mercado.”

Espanha apresenta uma taxa de incumprimento mais elevada e, como consequência, preços mais altos do que outros mercados europeus. Além disso, o processo de cancelamento de dívidas é menos ágil do que nos países nórdicos, onde basta uma ordem do utilizador para encerrar créditos em qualquer entidade.

💡 Diego disse…

A aliança entre bancos e fintechs: chave para a inovação

Diego destaca que a colaboração entre bancos, neobancos e fintechs é essencial para acelerar a inovação financeira. Embora as instituições possam desenvolver soluções internamente, apoiar-se em parceiros tecnológicos permite um time to market mais rápido e produtos de maior qualidade.

“É muito importante contar com especialistas. Há profissionais que desenvolvem soluções já adaptadas ao mercado e que cumprem todos os requisitos regulatórios.” Além disso, o gestor considera que a colaboração não é apenas recomendável, mas essencial para oferecer melhores serviços ao cliente.

Inclusão financeira e o desafio do histórico de crédito

O nosso convidado assinala que a falta de histórico de crédito prejudica migrantes e novos residentes na Europa, mesmo que sejam bons pagadores nos seus países de origem. Diego dá como exemplo os Estados Unidos, onde os modelos de scoring já integram dados de serviços como a Netflix para avaliar a solvência. “Na Europa, iniciativas como o FIDA – Facilitating Inter-Digital Assets – procuram agregar informação de seguros e serviços públicos, mas ainda estão em desenvolvimento,” afirmou.

Diego defende a ideia de um passaporte financeiro europeu que permita a qualquer pessoa residente na zona euro aceder a crédito em qualquer país, integrando dados de diferentes fontes. “As fintechs podem provavelmente desempenhar aqui um papel fundamental, ajudando as entidades a analisar –e interpretar– a informação e a promover a inclusão.”

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Inteligência artificial e o futuro do setor financeiro

Quanto à inteligência artificial, Diego recorda entre risos o filme “Terminator” e comenta: “Felizmente não é o Skynet, por isso vai ajudar-nos imenso a aumentar a nossa capacidade de processamento de informação.” O Lea Bank está a explorar a sua utilização na avaliação de risco e no atendimento ao cliente.

Embora os modelos de scoring ainda estejam em fase experimental, devido às exigências regulatórias e à necessidade de evitar enviesamentos, a IA já está a ser usada na categorização de transações bancárias e na melhoria de processos internos de gestão.

Quanto ao futuro, Diego afirma que o objetivo do Lea Bank é consolidar a sua presença em Espanha e crescer até alcançar a dimensão do mercado escandinavo. O nosso convidado antecipa que os neobancos continuarão a ganhar quota de mercado e a posicionar-se como alternativas sólidas à banca tradicional, graças a uma relação mais próxima com o consumidor final e a propostas inovadoras.

Em suma, o Lea Bank é o embaixador de uma nova geração de bancos digitais, capazes de combinar inovação tecnológica com uma visão centrada nas reais necessidades da população.

Despedimo-nos com um agradecimento especial ao nosso convidado e, claro, à nossa audiência – obrigado por estarem desse lado!

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